"The wind is low, the birds will sing, that you are part of everything..."

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Visão dupla

Um olhar fixo, que divide o um em dois. A incerteza vinda de uma visão dupla, de não saber ao certo qual é o objeto a princípio tão encantador, mas que nesse momento torna-se fonte de dúvidas, incertezas. Me faz mal, me faz bem? Está próximo ou distante? Ao mesmo tempo que me atrai, faz com que todas as minhas forças sejam direcionadas para a fuga. É ambíguo, contraditório, me paralisa em conjunto ao olhar.
As formas são outras, mas não menos encantadoras, novas silhuetas formadas a partir do movimento, mas de onde vem esse movimento? O balanço do relógio, o dançar da serpente, é puro encantamento.
E quando seus olhos não aguentam mais, lágrimas estão acomodadas prestes a cair na face pasma, como num fenômeno instintivo as pálpebras se fecham, e logo se abrem - um segundo é o tempo - deixando as curvas incertas como uma breve lembrança, trazendo o fim do fantástico. Foi o estalar dos dedos do encantador, foi a realidade lhe batendo à porta. O ponto de partida para um novo encanto.

domingo, 4 de julho de 2010

O roteiro

Vejo minha vida como num filme em cores sujas, marrons, vermelhos queimados, verdes, cinzas, e um pouco de azul porque sou sonhadora. Esses dias me disseram que pareço sonhadora, por usar esmaltes azuis e gostar de desenhos. Confesso que nunca sonhei com coisas em tom de azul, ou com desenhos em preto e branco, mas acho que o azul faz muito sentido ao ser ligado aos sonhos. Foi pelos últimos dias que consegui enxergar essa ligação, ao dizer que gosto de visitar outros mundos, para desfrutar da ausência de gravidade, e voar. Voar me faz chegar um pouco mais perto do céu, que em dias ensolarados, com poucas nuvens ou algumas que se movimentam rapidamente com a força do vento, é azul, um azul claro e encantador.
Tirando a parte em que tive que reler tudo o que acabei de escrever para lembrar qual era o ponto que estava comentando - me perdi no azul do céu, ou nos sonhos, que seja - agora posso voltar a falar sobre minha vida como um roteiro de filme em tons marrons, vermelhos, verdes, cinzas e azuis.
No filme da minha vida os cenários seriam variados, desde grandes avenidas movimentadas, passando por bairros tradicionais de casinhas coloridas de muro baixo, a paisagens que misturam vales, plantações de trigo e o vento no cabelo. Os personagens são variados, mas todos com uma imensa capacidade de me fazer rir e imaginar as situações mais variadas e sem sentido, algo nonsense com um significado único por ser imaginado com alguém que te faz bem.
A trilha sonora seria cheia de surpresas, de solos de piano, a baterias e guitarras distorcidas, não faltaria beatles, e "Michelle" tocaria de forma sutil, para ser percebida pelos ouvidos mais atentos. As coisas ocorreriam de forma inesperada, seriam doces sem faltar toques apimentados de grandes paixões.
E o fim, ah o fim... Não me perguntem sobre fim, eu ainda estou no ínicio, um eterno recomeço.